O café, uma das bebidas mais consumidas no mundo, frequentemente ganha destaque por seus potenciais benefícios à saúde.
Recentemente, no entanto, emergiram preocupações sobre seu impacto no funcionamento cerebral, levantadas durante a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC).
Esse estudo sugere que, embora o café possa oferecer vantagens, seu consumo excessivo pode contribuir para o declínio cognitivo.
Realizada entre um grupo de adultos com idades superiores a 60 anos, a pesquisa observou os efeitos do café no cérebro humano ao longo do tempo. Enquanto estudos anteriores haviam destacado aspectos positivos do consumo de café, os novos dados trazem uma visão mais cautelosa, especialmente quando a bebida é consumida em grandes quantidades.
Como o consumo de café afeta a saúde mental?
O estudo trouxe à tona dados de 8.451 adultos, majoritariamente mulheres e de origem étnica branca.
Para avaliar isso, os pesquisadores dividiram os participantes em três grupos com base em seus hábitos de consumo: alto consumo de café (quatro ou mais xícaras diárias), consumo moderado (de uma a três xícaras por dia) e nenhum consumo.
O foco estava em compreender como o café influenciava o desempenho cognitivo ao longo dos anos. Os resultados foram claros: indivíduos que consumiam acima de três xícaras diárias experimentaram um declínio cognitivo maior do que aqueles com consumo moderado ou sem consumo.
Os diferentes grupos do estudo
Curiosamente, o estudo também examinou outros fatores, como o índice de massa corporal (IMC) dos participantes, que tinha uma média de 26, e verificou a presença do gene APOE e4, um fator genético associado ao maior risco de Alzheimer. Aproximadamente, 26% dos participantes possuíam esse gene.
Os resultados sugeriram que o consumo elevado de café estava ligado a uma taxa acelerada de declínio cognitivo, enquanto o grupo de consumo moderado apresentou resultados cognitivos relativamente melhores.
Essa informação pode ajudar a guiar futuras recomendações sobre o consumo de café, especialmente para aqueles que possuem fatores de risco genéticos.
O chá é uma alternativa melhor ao café?
Enquanto o café se mostrou problemático em altas doses, o chá parece ter o efeito oposto. Entre os consumidores de chá no estudo, aqueles que tomavam a bebida regularmente apresentavam um declínio cognitivo menor.
A pesquisa categorizou o consumo de chá de maneira similar ao café: alto consumo (quatro ou mais xícaras), consumo moderado (uma a três xícaras) e nenhum consumo.
Este dado pode indicar que o chá contém compostos benéficos que diferem dos presentes no café, ou talvez que sua interação com o organismo humano se dê de maneira distinta. Essa informação abre caminho para estudos mais detalhados sobre os componentes específicos do chá que podem beneficiar a saúde cerebral.
Quais os próximos passos na pesquisa?
Embora os resultados levantem questões intrigantes, os cientistas alertam que o estudo é de natureza observacional.
Não foi estabelecido um vínculo de causa e efeito definitivo entre o consumo elevado de café e o declínio cognitivo. Assim, são necessárias mais investigações para elucidar o impacto preciso do café em diferentes idades e contextos.
Para os consumidores de café, a moderação surge como uma recomendação prudente até surgirem evidências mais firmes. Equilibrar os benefícios e riscos potenciais do café pode ajudar a preservar a saúde mental sem sacrificar os prazeres que a bebida oferece.
Como sempre, permanecer atento ao que se ingere é a melhor estratégia para garantir a saúde a longo prazo.