A história de “The Last of Us” retrata um cenário de proliferação global do fungo Cordyceps, contaminando humanos em larga escala. Embora essa premissa pareça saída de um mundo de ficção, o fungo que inspirou a série é uma realidade bem mais próxima, especialmente no Brasil. Este artigo explora as nuances desse fascinante parasita que tem causado tanto interesse e medo.
O Cordyceps é um gênero de fungo endoparasita de artrópodes, o que significa que ele usa insetos como seus principais hospedeiros. No Brasil, encontramos várias espécies desse fungo, especialmente em florestas tropicais. A parasitase deste fungo afeta principalmente formigas, mariposas e larvas, sem representar uma ameaça direta aos mamíferos.
O Fungo Cordyceps e Suas Vítimas
Dentro do gênero Cordyceps, existem cerca de 400 espécies diferentes. Essas espécies compartilham uma ancestralidade comum e são classificadas como um grupo polifilético. Entre elas, a mais notável é a Ophiocordyceps unilateralis sensu lato, que inspirou a ideia do “fungo-zumbi” na narrativa de “The Last of Us”.
Esse fungo em particular tem uma relação assustadora com as formigas: ao ser contaminada pelos esporos do parasita, a formiga é lentamente consumida de dentro para fora. O cérebro do inseto permanece funcional enquanto o fungo controla os músculos, transformando a formiga em uma espécie de zumbi.
O Que é o Fungo-Zumbi?
Quando uma formiga é infectada pelo Ophiocordyceps unilateralis, o fungo começa a se desenvolver dentro do corpo do inseto. Durante esse processo, que leva cerca de duas semanas, a formiga continua suas atividades normais, mas gradualmente perde o controle dos movimentos.
- Primeiro, a formiga começa a ter tremores e dificuldades motoras.
- Com o avanço do fungo, surgem convulsões e outros problemas neurológicos.
- Eventualmente, a formiga morre, e o fungo usa o corpo do inseto para liberar novos esporos no ambiente.
Esse ciclo de vida permite que o fungo continue a se proliferar, infectando novas vítimas e perpetuando seu assustador ciclo de existência.
Benefícios dos Fungos: O Outro Lado da História
Embora o Ophiocordyceps unilateralis tenha ganhado notoriedade por seu comportamento parasítico, outros fungos do mesmo gênero também oferecem benefícios significativos. A Ophiocordyceps sinensis, por exemplo, é amplamente utilizada na medicina tradicional chinesa e em estudos médicos sobre o câncer de olho.
Além disso, muitos fungos desempenham papéis cruciais no ecossistema, atuando na decomposição de matéria orgânica e contribuindo para a saúde do solo. Algumas espécies são até consumidas como suplementos nutricionais devido às suas propriedades únicas.
Como os Fungos Podem Ameaçar a Humanidade?
O calor pode acelerar a evolução das infecções fúngicas, tornando-as uma ameaça crescente para seres humanos, especialmente aqueles imunocomprometidos. O entomologista David Hughes destaca que os fungos podem matar mais humanos que a malária, um aspecto que muitas vezes é negligenciado.
“Os fungos matam mais seres humanos do que a malária”, comenta David Hughes em sua pesquisa sobre fungos para “The Washington.” “Eles (os fungos) são completamente esquecidos. E é interessante fazer as pessoas pensarem mais sobre isso.”
As mudanças climáticas e alimentares globais também aumentam o risco de fungos patogênicos afetarem plantações e, por conseguinte, a segurança alimentar. Esses organismos podem facilmente adaptar-se a novas condições, tornando-se uma ameaça constante.
Embora a ideia de um apocalipse fúngico como o de “The Last of Us” possa parecer exagerada, a adaptabilidade e dificuldade de controle dos fungos são inquestionáveis. A conscientização sobre esses parasitas é crucial para estarmos melhor preparados para eventuais surtos que possam afetar nossa saúde e segurança alimentar.