Nascido na antiga Iugoslávia, o ex-jogador Dejan Petković falou sobre sua infância no socialismo e sobre o fim do regime, que acabou com a separação do país. Participando do Barbacast, o ídolo do Flamengo detalhou a experiência.
“Eu nasci quando ainda era socialista, mas depois mudaram, para democrática, mas muda para o regime capitalista, digamos, o entendimento, por que toda a Europa (…) Mas acontece que os regimes socialistas, como eu entendo na época, foi uma ideologia muito ingênua, onde você está dando direitos iguais, mas essa coisa com o humano é muito falha, então um exemplo na escola, que se dizia, vamos fazer um exercício, se todo mundo aqui na sala né, vamos fazer um teste e somar as notas e aí todo mundo ganha igual”, explicou Petković.
Evoluindo o exemplo, o ex-jogador explicou: “Você vai ter notas 10, 9, 8, 7, 6, se somarmos 8, eu vou ficar satisfeito, mas você vai pensar que está estudando muito, tirou 9, vai dizer que está estudando tanto e ganhei 8 e o cara que não está estudando, tirou 6, e vai ganhar um 8 também. E pouco a pouco o que vai acontecer é que você não vai me puxar pra estudar mais, mas eu vou te puxar pra abandonar o teu estudo, e infelizmente isso acontece. E depois viram que tem que ser mais produtivo, tem que ter mais pela meritocracia”.
O Fim da Iugoslávia de Tito e Milosevic
No final do século XX, a Iugoslávia passava por um período de intensa convulsão política e social que culminou no desmembramento do país. Originalmente formada em 1929, a Iugoslávia comunista ressurgiu das cinzas da Segunda Guerra Mundial como uma federação de seis repúblicas e duas regiões autônomas sob a liderança de Josip Broz Tito. Com a morte de Tito em 1980, as tensões entre as repúblicas começaram a se intensificar, levando a um cenário frágil e instável.
A década de 1990 foi marcada por uma série de conflitos étnicos e políticos que transformaram o mapa dos Balcãs. A queda do Muro de Berlim e o colapso do comunismo no Leste Europeu inspiraram movimentos de independência dentro da Iugoslávia. As repúblicas iugoslavas começaram a buscar soberania, impulsionadas por disputas internas não resolvidas e diferenças étnicas profundas.
Quais fatores levaram à desintegração da Iugoslávia?
A primeira república a declarar independência foi a Eslovênia em 1991, seguida pela Croácia. O descontentamento e as aspirações nacionalistas alimentaram essa ruptura. Na Bósnia-Herzegóvina, a situação era ainda mais complexa, devido à sua população composta por bósnios muçulmanos, sérvios e croatas. A Bósnia proclamou sua independência após um plebiscito, o que levou a uma violenta guerra civil entre 1992 e 1995, apenas interrompida com a intervenção da Otan e a assinatura do Acordo de Dayton.
Durante esse período conturbado, Slobodan Milosevic emergiu como uma figura central nas disputas. Na presidência da nova emersente sérvia e montenegrina Iugoslávia, Milosevic promoveu políticas de “limpeza étnica” contra grupos étnicos não sérvios, especialmente em Kosovo. Esses eventos provocaram uma resposta militar da Otan e resultaram no indiciamento e prisão de Milosevic por crimes contra a humanidade.
Como a Iugoslávia finalmente se desfez?
Em resposta às pressões internas e externas, em meados de 2000, começava a década que testemunharia o término definitivo da Iugoslávia. O final das hostilidades e o estabelecimento de um acordo haviam temporariamente consolidado a situação na região, mas as questões de independência das repúblicas remanescentes persistiam. Em 2003, a Iugoslávia foi dissolvida formalmente e renomeada para Sérvia e Montenegro, marcando o fim da federação iugoslava originalmente concebida por Tito.
Nos anos que se seguiram, tanto a Sérvia quanto Montenegro evoluíram politicamente. Montenegro optou por seguir o caminho da independência em 2006, após um plebiscito ratificado por uma expressiva maioria popular. Esse acontecimento encerrou a última tentativa de manter um estado iugoslavo, colocando, assim, um ponto final na história deste complexo país dos Balcãs.